quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Querida Sereia azul, estou atrasada no desafio que me lançaste, mas andei afastada destes meandros.
Mas como dificilmente os recuso e mais vale tarde que nunca, cá vai!
Também como tu, em diversas ocasiões encontro-me a ler mais que um livro de cada vez.
Esta é uma delas

Na página 161 do livro «Almas cinzentas, de Philippe Claudel:

«O quarto de Destinat era parecido com ele. Mudo e frio, criava um certo embaraço, ao mesmo tempo que infundia um respeito forçado. O sono de Destinat transmitira-lhe uma distância incalculável que o tornava um sítio pouco humano, condenado para a eternidade a permanecer impermeável ao riso, à alegria, ao bulício da felicidade. A própria arrumação fazia pensar em corações mortos»

Na página 161 do livro «O livro dos amores risiveis, de Milan Kundera:

«E quando a massagem acabou e ele se pôs de pé para sair da banheira, a massagista de pele húmida pareceu-lhe de uma beleza sã e saborosa, e o seu olhar tão humildemente submisso, que teve vontade de se inclinar na direcção longínqua onde adivinhava a mulher. Pois parecia-lhe que o corpo da massagista estava de pé sobre a grande mão da actriz e que esta mão lha entregava como uma mensagem de amor, como uma oferenda.»
Na página 161 do livro « A mulher foca, de Kathryn Harris:
«Como o acordar de um sonho: durante um momento está à sua frente, intacto, com todas as facetas resplandecentes de significado. Depois inclina-se para a frente, dorido, hirto, e ernormes pedaços começam a cair e perdem-se, não resta nada, nada a que se agarrar, nada que possa conservar»
Quanto a lançar o desafio.
Hum.......
Lanço-o a todos os que me visitam e que como eu adoram ler e envolver-se em palavras que nos embalam e aquecem. Palavras que nos chocam e abrem os olhos. Palavras que nos retemperam de força e ânimo para cruzar este oceano que é a vida. Palavras que nos transformam num cruzeiro que rompe fronteiras, que absorve sensações, magias, ilusões e desilusões!

Aqui


aqui

sentada

na solidão do meu quarto

penso em ti

aqui

onde os objectos me lembram de ti

a almofada perfumada

que abraçavas enquanto dormias

a meia espalhada

ali

sozinha

abandonada

perdida

olha-me triste

tão triste

não sei do par

pede-me ajuda não consigo

Peço ao tempo que pare

não que volte atrás

apenas que pare!

quero sentir o teu cheiro

o calor que o teu espaço ainda emana

quero perpetuar este momento

guardar cada particula

cada odor

cada palavra

quero absorver este momento

para sempre